Vejo uma parte da diretoria do SARJ que renunciou recentemente (ano de 2020) expor isso nas redes sociais em aparente tentativa de criar fato político midiático. A princípio havia proposto não alimentar esse pântano de pequena politicagem que dirige esta fração, visto termos questões muito mais sérias para construir, mas hoje decidi por fazê-lo e anotar alguns elementos importantes para elucidação.
Parte deste movimento começa a ganhar cara por volta do segundo semestre de 2019. Um dos momentos cruciais da cisão é demonstrado quando, a partir da publicação de texto assinado por este presidente de uma carta de defesa a democracia após as declarações do excelentíssimo presidente da república a respeito do AI-5 e fechamento do congresso (a carta pode ser lida aqui: http://sarj.org.br/noticias_ver.php?id=185), parte da diretoria retirou sem informar aos demais (incluso o presidente) a carta do ar. Quando questionado, a justifica dada era que a carta não representa a opinião de todos da diretoria entre outros fatores. Lembro que o SARJ sempre prezou em suas redes de comunicação total liberdade de pensamento dos seus desde que devidamente assinados. Se considerar que a diretoria atual não apresentou nenhum plano de comunicação para apreciação do colegiado, entende-se que vale os princípios e diretrizes de comunicação com a categoria que foram apresentados e aprovados em gestão pretérita e que permitem inclusive em caráter da situação a publicação da carta acima.
Toda divergência política é parte de um processo democrático e pode ser resolvida democraticamente, mesmo no atual estado de polarização passional em que o País se encontra. O espaço deliberativo do SARJ para este processo são suas reuniões colegiadas. A mesma fração, que tem pautas de interesse minoritário dentro do colegiado, passa então a realizar alguns procedimentos que acabam por causar obstruções dentro da instituição, como exemplo a obstrução de convênios ou de aproximação de entidades afins a participar de construções ampliadas de projetos para a categoria. Além de inúmeras mensagens de cunho agressivo e insultos a todos os membros.
Curiosamente o que transpassou a fração reclamante talvez tenha sido o fato de que o SARJ enquanto instituição se se manteve firme independente de tais ações. Esta solidez se dá porque a escolha do Sindicato é assumir uma política no sentido maior, não se deixando reduzir nas teias do modus operandi da politicagem menor que opera com base em turba.
Estamos vivendo a maior crise sanitária que este país já viveu em décadas, e a entidade SARJ está atuante. É inclusive no seio dela que nasce a principal rede nacional de arquitetos articulados em combate ao COVID-19. Movimento que nasce de uma construção aberta entre arquitetos de ofício, estudantes de arquitetura e a parte da diretoria do SARJ que acredita e defende a importância das pautas.
A conjuntura atual do país demonstra o que foi por exemplo a assertividade da carta de defesa da democracia, assim como entende ser assertivo a atual participação ativa nas lutas de saúde coletiva, que apesar de nascer no espaço aberto do Sindicato não foi centralizada pelo SARJ por escolhermos e acreditarmos que devemos fomentar a ampla mobilização dos arquitetos independente da entidade.
O SARJ está ativo também em seu dever de defender o trabalhador. Nossos advogados vem atuando de forma engajada mesmo com todas as limitações financeiras e burocráticas (cartorial e jurídica por exemplo) em que o Estado se encontra devido às acertadas leis de isolamento social. Lembra-se aqui que em meio a pandemia, conseguimos a liberação de FGTS de arquitetos que foram afastados, e o fechamento da CCT. Estamos trabalhando com afinco na defesa dos arquitetos que tem sido cortados ou com carga horária reduzida devido a crise econômica atual e cujos patrões têm se utilizado das pautas bolsonaristas das destruição das leis trabalhistas e do sistema sindical para tentar acharcar ainda mais as condições contratuais já duras vividas pelos mesmos arquitetos. Inclusive defendendo e combatendo mecanismos abusivos ou alguns subterfúgios que o sistema patronal se utiliza para precarizar ainda mais o arquiteto como a contratação por PJ ou MEI, o que pode ser interpretado como o princípio do sistema de uberização do arquiteto.
Além deste trabalho temos as parcerias iniciadas neste ano de 2020 ainda mantidas como os Cursos de Educação Continuada da AXIOM (convênio que só está pausado devido o isolamento social) e parceria em fase de implementação como a Masterclin clube de convênios. O SARJ também tem tido atitude forte na construção dos diálogos entre nossas entidades, entre os sindicatos co-irmãos, e mantendo forte contato forte com a sociedade civil.
Aliás, todo o staff do SARJ tem mantido engajamento apesar da crise, por acreditar na luta e na importância do Sindicalismo. Secretaria, Jurídico, Contabilidade, arquitetos voluntários, militantes históricos que participam ativamente da diretoria atual ou não da profissão e da sociedade civil. Isso ocorre, porque diferente das partes divergentes, cuja defesa passava pelo encolhimento da instituição ao executivo, o sindicato se mantém pelo engajamento e pertencimento na luta comum. O sindicato não é uma empresa, mas a materialização das lutas sociais de proteção do trabalhador, existe em função de seu corpo e do pertencimento das pessoas por ele.
A instituição é parte deste sindicalismo que tem que se reconstruir diante do golpe ao sistema sindical. Em meio a imensa adversidade econômica que atravessamos, e em meio as lutas bolsonaristas que tem como alvo claro desmontar e definhar o sindicalismo como um todo (seja por dentro ou seja por fora). Não só o sindicato dos arquitetos, mas todos os sindicatos sofreram com o ataque ao sistema. Ele está superando, porque isso não está sendo construído por redes de intrigas, calúnias, baseadas em oportunismo e que perderam espaço pela natureza do que são. O sindicato dos arquitetos se firma mas pelo engajamento sério de quem se importa e entende que as lutas sindicais passam não apenas por títulos ou cargos, mas pela ação em pró do trabalhador.
Seu colegiado compreende majoritariamente que o programa de reestruturação sindical e da sociedade não deve se resumir em uma adequação ao modelo social e econômico proposto pelo bolsonarismo. Entende por sua vez, que o dever sindical passará pelo enfrentamento firme a este modelo na combate a precarização do arquiteto, da arquitetura e da sociedade.
Desta forma, diante das circunstâncias, queremos deixar claro que o SARJ vai se manter firme na luta ainda que levando em consideração que neste momento o crucial é a defesa das garantias de trabalho dos arquitetos e arquitetas do Estado do Rio de Janeiro bem como o enfrentamento à pandemia. Diferente do grupo que diverge e busca agora instituir uma crise política, tal como seu representante mor fez no País, nós, dentro desta entidade não vamos nos abater e seguiremos na luta. A defesa dos arquitetos e o enfrentamento a Pandemia é a palavra de ordem dentro do SARJ.
Ass. Rodrigo Bertamé
presidente do SARJ