Notícias 27/01/2017 Carta da ABEA Contra o Ensino a Distância para Graduação em Arquitetura e UrbanismoAs especificidades da profissão e da formação do arquiteto e urbanista exigem a presença e envolvimento de professores e alunos em ateliês compartilhados e de expressão. Devemos portanto lutar para que o ensino de arquitetura atente com qualidade que se deve e que exige a responsabilidade profissional.
Leia o conteúdo na íntegra: "APRENDER ARQUITETURA E URBANISMO À DISTÂNCIA NÃO FUNCIONA
A ABEA – Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo, entidade civil de livre associação fundada há mais de 40 anos com enfática atuação e contribuição no aperfeiçoamento constante do ensino de arquitetura e urbanismo, inclusive buscando novos métodos, modelos e ferramentas pedagógicas, vem manifestar publicamente sua enorme preocupação e peremptória discordância com a criação de Cursos de Graduação de Arquitetura e Urbanismo na modalidade EaD.
Arquitetura e Urbanismo é um ofício que, da mesma forma que a Medicina e o Direito entre outras importantes profissões, tem seu exercício regulamentado por relacionar-se com a preservação da vida e bem-estar das pessoas, da segurança e integridade do seu patrimônio, e da preservação do meio ambiente. Por isso mesmo exige, em sua formação, acompanhamento não somente presencial, mas de forma muito próxima em atelieres, laboratórios, canteiros experimentais e outros espaços vivenciais, em uma relação professor-aluno bastante reduzida, o que definitivamente não pode ser alcançado em cursos oferecidos totalmente a distância. A ABEA reconhece que avanços na área de ensino a distância são importantes e se propõe a participar de um amplo debate público sobre seu alcance e suas limitações nas áreas de conhecimento que exigem formação teórico-prática e que podem ensejar risco à vida, ao patrimônio e ao meio ambiente. Em Arquitetura e Urbanismo, o espaço físico adequado é parte do processo de ensino e favorece o aprendizado. Se dar sentido a espaços (físicos e reais) é o dever de ofício, como fazê-lo na virtualidade? Como aceitar que a relação professor/aluno presencial não seja importante, que a virtualidade basta? Qual seria, então, o sentido da construção física, real e material dos espaços? A ABEA sempre discutiu novas ferramentas de linguagem e expressão, entre outros recursos tecnológicos. Defendemos os princípios contidos no documento Perfis & Padrões de Qualidade que além de tratar das questões relacionadas ao Projeto Pedagógico dos Cursos e ao corpo docente, enfatiza a qualificação das condições físicas e espaciais dos ateliês e salas de aulas dos cursos de Arquitetura e Urbanismo. São espaços específicos, mas plurais, que permitem o exercício de diferentes formas de linguagem, expressão, práticas, pesquisa, concepção e desenvolvimento que fomentam o processo criativo. O Ateliê de Arquitetura e Urbanismo é o espaço facilitador da construção coletiva do conhecimento, é o espaço que permite a integração professor/aluno e aluno/aluno. A ABEA entende que o convívio presencial é fundamental para a vivência e o questionamento do próprio espaço. Assim, a ABEA vem conclamar as entidades, os professores, os estudantes e a sociedade civil a participar desse debate e solicitar dos organismos reguladores do ensino a suspensão imediata do funcionamento dos cursos de Arquitetura e Urbanismo à distância."
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